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Quando Chega o Outono

Tempo de colher cogumelos

Por Pedro Rosis


Uma avó fofa, cogumelos venenosos e caos familiar. O que essas três coisas têm em comum? Esta é a base da rede de intrigas de Quando Chega o Outono, do realizador francês François Ozon. O filme já levou muitos milhares de pessoas na Europa para conferir os acontecimentos surpreendentes e reveladores dessa história, que chega nos cinemas do Brasil em 27 de março. 


Na trama, Michelle (Hélène Vincent) mora numa pacata vila no interior da França e, todos os anos, aguarda ansiosamente para passar uma semana com o neto em sua casa, quando o garoto entra em férias. A relação de Michelle com a filha Valérie (Ludivine Sagnier), a mãe do menino, não é das melhores. A moça está sempre rememorando seus traumas de infância e as “coisas horríveis” que a mãe fazia quando mais jovem. Insensível e chantagista, ela já conseguiu com que Michelle passasse para o nome dela um apartamento de Paris, mas espera, ainda, tomar posse da casa de campo. 


Em paralelo, na pacata vida interiorana, Michelle e Marie-Claude (Josiane Balasko) são melhores amigas. Dentre outras atividades, semanalmente, elas vão juntas visitar o filho de Marie-Claude, Vincent (Pierre Lottin), que está na prisão por “algo terrível” que cometeu em sua juventude. Com a chegada do outono, cogumelos começam a surgir na floresta da região, e as duas senhoras colhem alguns para que Michelle prepare algo especial para servir à filha e ao neto. Um delicioso banquete é feito, mas a refeição é acompanhada de pequenas intrigas trazidas por Valérie. Avó e neto vão dar uma volta pelo campo e, quando voltam, encontram a casa cercada de médicos e uma ambulância. Valérie foi envenenada! Michelle, então, conclui que só podem ter sido os cogumelos, pois, no almoço, apenas a filha os comeu. E é claro que o incidente vai soar mais do que suspeito.


Revoltada, assim que se recupera, Valérie decide ir embora levando o filho, para a tristeza de Michelle que esperou tanto passar uns dias com o netinho. Esse acontecimento deixa a mulher deprimida e se sentindo ainda mais solitária. Pelo menos, até a saída de Vincent da prisão.  Michelle, então, acaba se aproximando do filho da amiga buscando ocupar o vazio deixado, mas, no entanto, novas intrigas e situações suspeitas, com direito a revelações bombásticas do passado, colocarão esses cinco personagens em uma teia de cumplicidade e novos segredos obscuros. 


Com quase 50 títulos em sua filmografia, entre longas e curtas-metragens, Ozon se mostra em sua melhor forma. Considerado um dos mais importantes cineastas franceses modernos, este é mais um sucesso comparável a 8 Mulheres (2002), Swimming Pool (2003) e Jovem e Bela (2013), três dos seus filmes mais cultuados. Conhecido por explorar suspense e tensão sexual em suas obras, que emergem conforme os personagens enfrentam dilemas morais, Ozonm em entrevista recente, comentou sobre a sobre a abordagem que adotou para construir a aura de mistério em Quando Chega o Outono: “Optei por deixar elementos fora de cena, sugerir mais do que mostrar, permitindo que o público interpretasse por si só”. Ainda segundo ele “(...) muitas vezes, nossos desejos ocultos se realizam sem que tenhamos controle sobre eles”.


Vencedor do Prêmio do Júri de Melhor Roteiro no Festival Internacional de San Sebastián, o longa também rendeu a Pierre Lottin a Concha de Prata de Melhor Ator Coadjuvante. Com um elenco experiente e um roteiro que mistura drama e suspense, este é um filme para ser visto na tela grande dos cinemas.


Confira o trailer




Quando Chega o Outono | Estreia 27.03.2025 | Dir. François Ozon | França | Comédia/Drama 102 min.

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